Gramática e a importância da linguistica

Que o conhecimento da gramática é crucial já sabemos, mas os estudos da linguistica é de extrema importância para nós falantes da língua portuguesa também.

 UM POUCO SOBRE A GRAMÁTICA
A gramática como já é de conhecimento de muitos, é o estudo das regras e estruturas que regem a língua incluindo a morfologia (estudo das palavras e sua formação), a sintaxe (a forma como as palavras se combinam para formar frases) e a semântica (o significado das palavras e das frases). Ela se preocupa com as normas e padrões de uso da língua, sendo muitas vezes associada ao uso correto da língua.

UM POUCO SOBRE A LINGUÍSTICA
A linguistica é o estudo científico da linguagem abrangendo aspectos como a origem, evolução, estrutura e funcionamento das línguas naturais. Os linguistas investigam a fonética e fonologia (sons da fala), a morfologia, a sintaxe, a semântica, entre outros aspectos da linguagem. eles também estudam como as línguas são adquiridas, processadas pelo cérebro humano e utilizadas na comunicação.

DISSEMELHANÇA ENTRE AS DUAS
Em resumo, enquanto a gramática se concentra nas regras prescritivas da língua, a linguistica busca compreender a natureza da linguagem de forma descritiva e científica. Ambas são importantes para o entendimento e o estudo da língua em seus diversos aspectos. 
Segundo Travaglia (1995, p.30) a Gramática – conhecida também como Gramática Normativa – apresenta e dita normas do bem falar e do bem escrever, defendendo uma correta utilização da fala e da escrita a partir de uma variedade da língua considerada como válida para todos os falantes. Isso quer dizer que apenas uma forma de uso é considerada correta em qualquer circunstância. Embora gramáticos e linguistas ocupem-se de um elemento comum (a língua), seus objetivos e métodos são bastante diferentes, mas atenção! Isso não significa que para o linguista qualquer forma utilizada é correta. Para a Linguística, qualquer forma que se torne um obstáculo à comunicação será considerada como erro. Em contrapartida, é objeto de estudo da Linguística a adequação de determinado uso em cada situação de comunicação. Podemos entender que a maior parte dos chamados “erros gramaticais” são, para a Linguística, inadequações, ou seja, são expressões utilizadas por certos grupos sociais que destoam da norma padrão da língua. 


A DIVERSIDADE NÃO É VISTA COMO UM PROBLEMA
Quero deixar em evidência a sociolinguística, um dos campos de estudo da linguistica, para ela, a diversidade não é vista como um problema, antes, é considerada uma qualidade constitutiva do fenômeno linguístico, algo inseparável da efetiva produção social do discurso. A variação linguística pode ser observada tanto no plano diacrônico, quando consideramos e as alterações que as diversas línguas sofrem com o passar do tempo, quanto no plano sincrônico, no qual fatores como a origem geográfica dos falantes, a idade e o sexo podem influenciar o modo como as pessoas de uma mesma comunidade linguística fazem uso da língua numa mesma época. Em resumo, é possível descrever as variedades linguísticas a partir de dois parâmetros básicos: a variação geográfica (ou diatópica) e a variação social (ou diastrática).
Um exemplo bastante claro, é considerar os modos distintos de falar das pessoas que vêm dos vários estados do nordeste brasileiro. Apesar de serem tratados genericamente como “nordestinos” os paraibanos, baianos, cearenses, sergipanos, maranhenses, entre outros, possuem características linguísticas que os distinguem. Por outro lado, há variações linguísticas que não dependem apenas da situação geográfica dos falantes. Conforme postula Alkimim (2003): “A variação social ou diastrática, por sua vez, relaciona-se a um conjunto de valores que têm a ver com a identidade dos falantes e também com a organização sociocultural da comunidade de fala”.


Vejamos alguns exemplos de variação social ou diastrática:

Classe social
Pessoas pertencentes a grupos sociais mais pobres tendem a:
• Usar a dupla negação: “ninguém não viu”, “eu nem num gosto”;
• Substituir o [l] pelo [r] como em “brusa” e “grobo”.


Idade
• O uso de gírias está geralmente vinculado a grupos pertencentes a faixas etárias mais jovens;
• A pronúncia fechada da vogal tônica da palavra “senhora” (/senhôura/ ao invés de /
senhóra/) é característica de alguns falantes mais velhos.


Sexo
• Mulheres tendem a alongar algumas vogais como em “maaravilhoso”;
• O uso de diminutivos como bonitinho, camisinha, sapatinho é característico do universo
feminino.


Situação ou Contexto Social
Cada falante costuma adequar sua fala de acordo com o ambiente em que se encontra e também de acordo com seus interlocutores. Assim, um estudante universitário utilizará determinadas expressões e vocabulário com seus colegas diferentes das que escolherá para se dirigir a um professor.


PARA CADA NECESSIDADE UMA LÍNGUAGEM
Alkmim (2003) postula, no entanto, que “As variedades lingüísticas utilizadas pelos participantes das situações devem corresponder às expectativas sociais convencionais” (Ibid., p.37). Com isso, ela evidencia que, caso não adequemos nossa linguagem ao que é esperado em cada situação, provavelmente seremos “punidos”, o que pode representar desde um simples franzir de sobrancelhas até a perda de uma vaga de emprego.
As variedades linguísticas inserem-se nas relações sociais e, a valorização de uma variedade em relação às demais resulta muito mais da hierarquia entre os grupos sociais do que de fatores inerentes à própria língua. É o que podemos atestar conforme citação apresentada por Alkmim: “uma variedade lingüística ‘vale’ o que ‘valem’ na sociedade os seus falantes, isto é, como reflexo do poder e da autoridade que eles têm nas relações econômicas e sociais”. Observamos, assim, como surgem as chamadas variedades padrão dos idiomas que, em geral, coincidem com a variedade linguística utilizada pelas classes dominantes em determinado período. 
Em consequência, as variantes que não estejam dentro do que é considerado o padrão, serão consideradas como variantes não-padrão ou estigmatizadas (CAMACHO, 2003, p.59, grifos nossos). Por essa razão também é possível inferir que, uma variedade tida como padrão numa determinada época, pode deixar de sê-lo em outra. Um exemplo clássico disso são formas como “frauta”, “escuitar” e “intonce” que atualmente não pertencem à língua padrão, mas que são encontradas em Os Lusíadas, de Camões. Um dos objetivos dos estudos sociolinguísticos com relação a este assunto é demonstrar que não há línguas superiores ou inferiores, antes, cada língua é adequada para cada situação, momento, espaço e contexto.



A linguistica se divide em várias subáreas, cada uma focada em aspectos específicos da linguagem.

1. Fonética e Fonologia: Estas subáreas da linguística estudam os sons da fala (fonética) e os padrões de sons em uma língua (fonologia). Os linguistas analisam como os sons são produzidos, transmitidos e percebidos, bem como os padrões de organização dos sons em diferentes línguas. Um exemplo de estudo da fonética é a análise dos diferentes sons produzidos por falantes nativos de uma determinada língua, investigando suas propriedades acústicas e articulatórias. Da fonologia, um exemplo é a pesquisa sobre os padrões de entonação em uma língua específica e como esses padrões afetam o significado das frases.

2. Morfologia: A morfologia investiga a estrutura interna das palavras, ou seja, como as palavras são formadas a partir de unidades mínimas de significado (morfemas) e como essas unidades se combinam para criar novas palavras. Um exemplo de pesquisa morfológica é a análise da formação de palavras em uma língua aglutinante, como o turco, onde morfemas são adicionados uns aos outros para criar palavras complexas.

3. Sintaxe: A sintaxe é o estudo da estrutura das frases e orações em uma língua, incluindo a ordem das palavras, a função de cada elemento na frase e as regras que regem a combinação de palavras para formar sentenças gramaticais. Um exemplo de estudo sintático é a investigação da ordem das palavras em frases interrogativas em diferentes línguas, comparando como a estrutura das perguntas varia entre idiomas.

4. Semântica: A semântica se concentra no estudo do significado das palavras e das frases, bem como na forma como o significado é construído e interpretado na comunicação. Um exemplo de pesquisa semântica é o estudo do significado polissêmico de uma palavra em particular, analisando como seu uso varia em contextos diferentes.

5. Psicolinguística: Esta subárea investiga como a linguagem é processada pelo cérebro humano, como as crianças adquirem a linguagem e como os adultos compreendem e produzem fala. Um exemplo de pesquisa psicolinguística é um estudo sobre como crianças adquirem vocabulário e compreendem estruturas gramaticais à medida que crescem, investigando os processos cognitivos envolvidos na aquisição da linguagem.

6. Sociolinguística: A sociolinguística analisa as relações entre a linguagem e a sociedade, incluindo variações linguísticas em diferentes contextos sociais, regionais ou culturais. Um exemplo de pesquisa sociolinguística é a análise das atitudes linguísticas em relação a diferentes variedades dialetais dentro de uma comunidade, investigando as percepções e preferências dos falantes em relação a diferentes formas de falar.

Essas são apenas algumas das muitas subáreas da linguística, que juntas contribuem para um entendimento mais profundo da complexidade e diversidade da linguagem humana. Através da linguística, podemos explorar as nuances da comunicação verbal e escrita, assim como compreender melhor o papel central que a linguagem desempenha na nossa vida cotidiana.

A importância da linguística é vasta e abrangente, pois essa disciplina desempenha um papel fundamental em diversas áreas da vida humana. Aqui estão algumas das maneiras pelas quais a linguística é importante:

1. Compreensão da diversidade linguística: A linguística nos ajuda a entender e apreciar a riqueza da diversidade de línguas ao redor do mundo, promovendo o respeito pela variedade linguística e cultural.

2. Comunicação eficaz: Estudos linguísticos contribuem para uma comunicação mais eficaz, ajudando a desvendar os mecanismos complexos que sustentam a produção, compreensão e interpretação da linguagem falada e escrita.

3. Aquisição de idiomas: A pesquisa em aquisição de idiomas fornece insights valiosos sobre como as pessoas aprendem novas línguas, informando práticas educacionais e políticas linguísticas.

4. Preservação e revitalização de idiomas ameaçados: A linguística desempenha um papel crucial na documentação, preservação e revitalização de idiomas ameaçados, ajudando a manter viva a diversidade linguística do mundo.

5. Aplicações tecnológicas: Estudos em processamento de linguagem natural e tecnologias de tradução automática beneficiam-se diretamente das pesquisas em linguística, impulsionando o desenvolvimento de ferramentas e aplicativos para comunicação global.

6. Entendimento da mente humana: A linguística contribui para o entendimento dos processos cognitivos envolvidos na produção e compreensão da linguagem, lançando luz sobre a natureza da mente humana.


Esses são apenas alguns exemplos que destacam a importância da linguística em nossa sociedade, cultura e compreensão do mundo ao nosso redor.

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Por Nádia Carvalho.

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